O inquieto Chico Science |
É..., infelizmente lá se vão 15 anos sem o inquieto Chico Science, um dos caras mais “endiabrados” que já vi em cima de um palco e um dos propulsores do movimento musical denominado Manguebeat, juntamente com Lúcio Maia, Alexandre Dengue, Toca Ogam, Gilmar Bola 8, Gira, Canhoto e Jorge Du Peixe, a rapaziada que integrava a Nação Zumbi na época de sua fundação, em Recife no ano de 1990. É preciso salientar que esse movimento teve a importantíssima e fundamental participação da também banda pernambucana, Mundo Livre S/A, fundada em 1984, e cujos componentes são Fred Zero Quatro, Areia, Xef Tony, Léo D e Tom Rocha. Quando digo “um dos propulsores”, e não o cito como um dos criadores, como muitos divulgam, é que há rumores que esse movimento pode ter surgido nos anos de 1970, com o guitarrista Robertinho de Recife, quando este lançou os discos “Jardim de Infância” de 1977, “Robertinho no Passo” de 1978, e “E Agora Pra Vocês..., Suingues Tropicais” de 1979, mesmo que Robertinho diga que não tem o interesse de reivindicar nada e por ser cristão evangélico hoje em dia e por isso tudo são praias abandonadas por ele. Isso sem falar que há um músico baiano que declara ser ele o criador de tudo. Mas quanto ao fato de Chico, Fred e toda a moçada da Nação Zumbi e Mundo Livre S/A serem os ícones desse movimento não há dúvida disso. Movimento que visava, e ainda visa criticar o quanto a periferia de Recife, a área de mangue para ser mais exato, estava, e ainda está abandonada no sentido econômico-social, assim como todo o estado de Pernambuco e Região Nordeste. Essa turma, em sua maioria, teve uma infância cuja sobrevivência dependia totalmente do pouco que o subúrbio paupérrimo da cidade de Recife lhes oferecia, mesmo sendo considerada uma metrópole, e por isso, esse tal de Francisco de Assis França, vulgo Chico Scince, nascido em 13 de março de 1966 em Olinda-PE, é aquele que se autodenominava o homem-caranguejo ou um dos caranguejos com cérebro. Para que se entenda bem o porquê, é preciso saber que no bairro Candeias da cidade de Recife, em julho de 1992, foi redigido um manifesto cujo nome era, Caranguejos com Cérebro de autoria do músico e jornalista Fred Zero Quatro, em parceria com o também jornalista e atual secretario de cultura de Recife, Renato Lins, mas conhecido como Renato L., assim como a participação do próprio Chico Scince, é lógico. O manifesto cita tanto o caos urbano quanto a fragilidade de uma cidade, que banhada por seis rios, e por isso chamada de Veneza Brasileira, e ser uma das maiores capitais do Brasil, cresce de forma desordenada ferindo e aterrando um dos ecossistemas mais completos que há, ou seja, o mangue, em nome do progresso desordenado, tanto que nos anos de 1990 foi considerada uma das cinco piores cidades do mundo em condições de vida, hoje em dia é preciso se rever no que de fato mudou. Mas nada descaracteriza a genialidade desse músico autodidata que na procura da batida perfeita fez uma verdadeira “revofolia” em nosso já vasto universo musical, tirando da fome à tecnologia tudo aquilo que ninguém sabia que poderia haver, mas havia, bem ali, escondida, entre a lama e o caos. Surpreendendo a todos com um movimento em que misturava a música do mundo, com um forte tempero do movimento hip hop, rock punk inglês, funk, música eletrônica e com leves pitadas de reggae, mas nunca esquecendo a música raiz de Pernambuco, como o maracatu. Tenho pra mim que esse movimento, mesmo tendo atingindo um ápice em países como Portugal e Escócia, de onde surgiram movimentos como o Terjo Beat e Bloco Vomit, respectivamente, não alcançou um nível mundial, devido em 02 de fevereiro de 1997 ter morrido precocemente esse que foi um dos seus maiores articulador-precursores. Morte esta ocorrida em Recife e causada através de um acidente automobilístico estúpido..., aliás, qual o acidente automobilístico que não é estúpido?! Assim que o Brasil (ao ler-se Brasil entenda que isso se refere somente aos antenados da época!) ouviu o som produzido pela Nação Zumbi, e outros grupos que vieram no rastro, não teve jeito, todos queriam ouvir e ver aqueles que traziam algo de novo, pois é público e notório que sempre precisamos de renovações, ainda mais quando ela é boa, e Chico Science era, é, e sempre será pra lá de ótimo. Assim como todos os outros músicos que ainda atuam e incorporam o movimento com o Mundo Livre S/A e a Nação Zumbi, que agora tem Fred Zero Quatro no vocal, músicos esses que seguem carreira solo como Otto (ex-Mundo Livre), ou que compõem bandas como: Sheik Tosado, Mestre Ambrósio, Faces do Subúrbio, Via Sat, Querosene Jacaré, Eddie, e Jorge Cabeleira, que por uma questão econômico-social e ambiental, vindas de uma cidade que agoniza de um lado e prospera de outro, mostrando o quanto é desigual e mesquinho o progresso que tem por ótica somente o ganho desenfreado, mas que apesar disso criou fortes inclinações para a rica criatividade, daqueles que fizeram do cenário pernambucano, não só no sentido da música, pois o movimento agregou teatro, cinema, dança e outras manifestações artísticas, como um exemplo a ser seguido. Vida longa a todos esses mangueboys, artistas no sentido amplo da palavra e idealistas porretas de bons, e muitas saudades de gosto eterno e sincero ao grande, e quase que imensamente insano e profundamente visionário, Chico Science.
Chico Science & A Nação Zumbi |
Discografia da Nação Zumbi:
Com Chico Science:
Da Lama ao Caos (1994)
Afrociberdelia (1996)
Com Jorge dü Peixe no vocal:
CSNZ (1998)
Radio S.Amb.A (2000)
Nação Zumbi (2002)
Futura (2005)
Fome de Tudo (2007)
Ao Vivo em Recife (2012)
Oitavo álbum de estúdio (2012)
Álbuns ao Vivo
Propagando ao vivo (2006)
Coletâneas
Participações/Parcerias
Fernanda Abreu: Raio X (1997) - Participação em "Rio 40 Graus".
Pavilhão 9: Cadeia Nacional (1998) - Participação na música "Bembolado".
Baião de Viramundo - Tributo a Luiz Gonzaga (2000) - Uma Coletânea em homenagem à Luiz Gonzaga. Nação Zumbi regravou a canção "O Fole Roncou".
Estúdio Coca-Cola - Skank e Nação Zumbi (2007) - Projeto da MTV Brasil em parceria com a Coca-Cola. De Março a Agosto de 2007 promoveu a união de vários artistas. Skank e Nação Zumbi foram a última mistura, e tocaram 9 músicas.
Trilhas Sonoras:
Em telenovelas:
Tropicaliente (1994) - "A Praieira"
Viver a Vida (2009) - Não fazendo parte da trilha sonora oficial, mas em diversos momentos uma versão instrumental de "Sangue de Bairro" foi tema da personagem "Benê"
Cordel Encantado (2011) - "Maracatu Atômico"
No cinema:
Baile Perfumado (1997) - "Sangue de Bairro" e "Salustiano Song"
Caramuru - A Invenção do Brasil (2001) - "Manguetown"
Amarelo Manga (2003) - "Tempo Amarelo"
Meu Tio Matou um Cara (2004) - "Barato Total" com Gal Costa
Besouro (2009) - "Besouro - Cordão de Ouro"
A banda Mundo Livre S/A.
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Discografia da banda Mundo Livre S/A:
Samba Esquema Noise (1994)
Guentando a Ôia (1996)
Carnaval Na Obra (1998)
Por Pouco (2000)
Compilações
Outros
Bebadogroove (2005)
Participações
Frevo do Mundo (2008)
Links de Sustentação:
Antes de tudo, a banda Orla Orbe:
Sobre Chico Science:
Sobre a Nação Zumbi:
Site oficial da banda Mundo Livre S/A:
Sobre a banda Mundo Livre S/A:
Manifesto Caranguejos com Cérebro:
Site oficial do Manguebeat:
Sobre o movimento Manguebeat:
Sobre Renato L.:
Reportagem com Robertinho de Recife:
Sobre Recife:
Abraços, sempre!
Mu®illo diM@tto♪
Não sabia dessa história, as vezes acho que vivo em outro mundo, mas eu gosto muito desse movimento. Só que não ouço mais nada a respeito, essas rádios estão uma merda!
ResponderExcluirUm bj na boquinha lindinho.