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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Elis Regina & Etta James


Estava eu perdido entre alguns CDs e reportagens sobre a nossa grande Elis Regina, gaúcha nascida em 17 de março de 1945, na cidade de Porto Alegre, cantora das boas que infelizmente veio a completar 30 anos de morta, agora dia 19 de janeiro - por motivos que segundo dizem: overdose de cocaína. É..., eu me preparava para postar algo sobre ela aqui no blog, e assim fazer valer o quanto a canção de Toquinho, que virou slogan, “Saudade de Elis” é verdadeiro em minha vida, assim como acredito que na vida de muitos outros brasileiros, e por que não dizer, estrangeiros também, já que à época que ela veio a falecer já começava a despontar no cenário internacional, sendo apontada como uma das mais belas vozes que já agraciou este tão abandonado planetinha azul. Pois é, eu estava assim, em meio a um verdadeiro oceano de revistas, recortes e jornais da época, já que meu computador estava (e acho que ainda está) com uma preguiça daquelas para acessar a internet, e então por não poder fazer uma pesquisa on-line recorri a estes materiais que tenho guardado comigo a sete chaves (preciso urgentemente de um baú!!!), o que acabei achando ótimo, pois havia me esquecido o quanto é prazeroso lidar com esses meus alfarrábios velhos e amarelados pelo tempo, mesmo que isso seja um prato cheio, com direito a licor, para as minhas alergias. Mas como dizia, eis que de repente (outra vez!!!) me surge uma notícia nada boa - é..., notícias ruins sempre surgem assim, do nada! Acho até que as boas se camuflam por um tempo antes de darem as caras... A notícia era que Etta James, cantora de jazz, r&b, blues e soul das boas, veio a falecer no dia 21 de janeiro aos setenta e três anos, já que infelizmente sofria de leucemia, hepatite C, além de uma certa demência..., o que é muito triste. Em 2003, chegou a ter quase que 100 kg, tendo que fazer uma cirurgia gástrica, devido à obesidade. Eu sempre tive Etta James como a Elis Regina estadunidense (ou vice-versa?), e essa notícia foi como que um coice, pois terei que escrever outra vez sobre alguém que gosto muito, quando esse alguém já partiu fora do combinado, e com isso eu corro o risco de se mal interpretado (de novo!!!), por alguém achar que estou apenas indo na onda, e que falo dela somente para aproveitar o momento. O que não é verdade, os discos, os pôsteres, as reportagens que tenho dela confirmam isso, mas também não estou nem aí pra quem achar isso! Então, nesse caso, devo dizer que escrevo sobre essas duas mulheres que marcaram (e ainda marcam) a minha vida de um jeito tal, que as tenho como muito próximas a mim, num âmbito quase que pessoal mesmo, e que essa postagem será uma tarefa duplamente árdua e infinitamente cruel para mim.
O que acho interessante é que além do talento dessas duas, tanto Elis, quanto Etta, não possuíam travas na língua, e isso fez delas ícones não somente no quesito de sua arte, mas como também no que feria aos padrões comportamentais (preconceituosos, devo dizer) das sociedades que elas viveram e resistiram, com suas personalidades fortes e irrequietas, no bom sentido é claro. Elis, à época da ditadura militar chegou a dizer, sem medo de represálias, que os militares eram como que gorilas (coitados dos pobres gorilas, mas a alusão foi perfeita!) e Etta..., bem Etta protagonizou vários “escândalos” desde a época em que ela entrou na Chess Records, mais conhecida como Cadillac Records, estúdio de gravação que no início da década de 1960 presenteava seus músicos com um cadilac azul, por isso a alcunha. Por lá desfilaram músicos do naipe de Muddy Waters, Chuck Berry e Little Walter entre outros tantos. Há um filme de 2008 que conta bem essa história, cujo título não poderia ser outro senão, Cadillac Records, mesmo. No filme quem protagoniza Etta é a linda e estonteante Beyoncé (veja postagem sobre o filme, no blog Masmorra dos Dragões). Elis por sua vez, gaúcha porreta, apelidada de “Pimentinha” pelo poeta e também compositor, Vinicius de Moraes, pela sua perfomance ao cantar, pois não parava quieta no palco. Ela era assim, era uma cantora de múltiplas possibilidades vocais, desde os tons mais baixos até o mais alto agudo, considerado por muitos como mezzo-soprano. E um dado curioso dito pela jornalista Regina Echeverria, sua autobiógrafa, e autora do livro Furacão Elis: “Elis foi a única cantora que eu vi cantar e chorar ao mesmo tempo, sem desafinar”. E é verdade, poucos tiveram ou tem o privilégio de ter herdado uma voz tão potente e ouvidos tão sensíveis. Seu apurado e diversificado gosto musical fez de cada disco de Elis um deleite, pois ela gravava de tudo, desde samba ao blues, desde rock ao baião, até mesmo músicas já consagradas na voz de Mercedes Sosa, a argentina considerada a Voz das Américas. Tida como uma das divas da bossa nova, Elis, era, e é, uma das melhores representantes do gênero, apimentando as suas gravações com fortes tendências para o jazz. Alavancando carreiras de muitos compositores e cantores ao gravá-los, como Tim Maia, Belchior, Renato Teixeira e Tomas Roth, entre outros. Também gravou compositores já consagrados como Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivan Lins, Toquinho & Vinicius, Tom Jobim, João Bosco, Guilherme Arantes e Adoniram Barbosa, entre outros tantos, dando-lhes sempre uma roupagem sem igual, tanto no que era inédito, quanto no que já havia sido gravado anteriormente por outros, ainda mais quando se casou com Cesar Camargo Mariano, maestro e arranjador dos bons, pai de seus dois filhos, Pedro Mariano e Maria Rita, também cantores. Elis primeiramente se casou com o jornalista, compositor e produtor musical Ronaldo Boscoli em 1967, e dessa união nasceu o também músico e produtor musical João Marcelo Bôscoli, atual esposo da apresentadora Eliana (SBT) e um dos sócios da gravadora Trama. E era Ronaldo quem produzia o programa O Fino da Bossa, que era apresentado por Elis e Jair Rodrigues. Quando Elis saiu do Rio Grande do Sul e veio parar na cidade do Rio de Janeiro, ela foi orientada pelos tais da época, a usar a sua voz de uma forma de uma maneira um pouco mais comercial (alguém pode me explicar como é isso?!), o que ela é claro, não fez, seguindo assim para São Paulo, onde lá foi aceita como que chegou, sem lapidações. Elis não tinha medo de mudanças, mas não precisava ser lapidada, pois já era um diamante, carvão é quem a via de forma diferente!!!

Etta, também enfrentou a vida com determinação, apesar de ter se demonstrado um pouco mais insegura as coisas em relação à Elis, mas era uma guerreira a seu modo. Etta era chamada também pelo apelido, Miss Peaches, seu nome verdadeiro era Jamesetta Hawkins, nascida em Los Angeles em 25 de janeiro de 1938. Sua carreira teve início em 1954, uma das primeiras canções de sucesso, gravada por ela, foi: "The wallflower (roll with me, Henry)". Ao longo dos anos, lançou hits como "Dance with me, Henry", "Tell mama", And "I'd rather go blind". Seu maior sucesso é "At last", música essa preferida por noivas americanas e da indústria cinematográfica. Beyoncé também cantou a música na primeira dança de Barack Obama com sua esposa, Michelle Obama durante a Neighborhood Ball na sua primeira noite como Presidente dos Estados Unidos. A vida de Etta sempre foi meio que aos tropeções, seus primeiros contatos com a música foi por volta dos cinco anos de idade, através da Igreja Batista de Saint Paul, em Los Angeles, e apesar de fazer parte do coral onde sempre se destacava, as vezes tinha problemas com a doutrina rígida de lá. E a história de sua paternidade sempre foi um pouco confusa. E confusão pode ser um “bom” sinônimo para a vida dessa cantora, já que os vários envolvimentos com drogas, além dos seus vários envolvimentos amorosos, muitas das vezes estavam à frente, na mídia, mais do que seu grande talento. Infelizmente, assim são os meios de comunicação, quando nas mãos de alguns, pois primam mais o desconforto do artista do que propriamente dito a sua obra. Mas pelo reconhecimento de sua arte, também em 2003, Etta James recebeu uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, um pouco demorado, mas em tempo. Mas com certeza, tanto para Etta quanto para Elis, os seus maiores prêmios são, e serão sempre, os fãs fieis que até hoje vibram quando escutam os timbres maravilhosos da voz dessas divas da música contemporânea.

Discografia de Etta James:

At Last! - (1960)
The Second Time Around (1961)
Etta James Rocks the House [LIVE] (1964)
Tell Mama (1968)
Come A Little Closer (1974)
Deep in the Night (1978)
Seven Year Itch (1990)
Stickin' to My Guns (1990)
The Right Time (1992)
How Strong Is a Woman: The Island Sessions (1993)
Live from San Francisco (1995)
These Foolish Things : The Classic Balladry Of Etta James (1995)
The Gospel Soul Of Etta James
Matriarch of the Blues - (2000)
Blue Gardenia - (2001)
Burnin' Down the House: Live at the House of Blues (2002)
Let's Roll - (2003)
Blues to The Bone (2004)
All the Way - (2006)
Etta James (2006)

Coletâneas:
The Essential Etta James (1993)
Etta James: Her Best (The Chess 50th Anniversary Collection) (1997)
20th Century Masters: The Best Of Etta James (Millennium Collection) (1999)
The Chess Box (2000)
Love Songs (2001)
Gold (2007)
Playlist: The Best of Etta James (2009)
The Definitive Collection (2006)
The Inspirational Collection (2009)

Discografia Elis Regina:

Em estúdio:
Elis Regina (1963)
Elis (1966)
Ela (1971)
Elis (1972)
Elis (1973)
Elis & Tom (1974)
Elis (1974)
Elis (1977)
Essa Mulher (1979)
Elis (1980)

Ao vivo:

Canções em telenovelas e minisséries
Irene - tema de Véu de Noiva (telenovela), de 1970
Madalena - tema de A Próxima Atração (telenovela), de 1970
Verão Vermelho - tema de Verão Vermelho (telenovela), de 1970
Casa Forte / Andança - temas de A Revolta dos Anjos (Tupi) (telenovela), de 1972
Vida de Bailarina - tema de Tempo de Viver (Tupi) (telenovela), de 1972
Um por Todos - tema de O Grito (telenovela), de 1975, em versão alternativa
Fascinação - tema de O Casarão (telenovela), de 1976
Altos e Baixos - tema de Água Viva (telenovela), de 1980
Moda de Sangue - tema de Coração Alado (telenovela), de 1980
Me Deixas Louca - tema de Brilhante (telenovela), de 1981
Folhas Secas - tema de O Homem Proibido (telenovela), de 1982
Tiro ao Álvaro - tema de Sassaricando (telenovela), de 1987
Aquarela do Brasil - tema de Kananga do Japão (Manchete) (telenovela), de 1989
Velho Arvoredo - tema de Felicidade (telenovela) , de 1991
Atrás da Porta - tema de De Corpo e Alma (telenovela), de 1992
Pra Dizer Adeus - tema de Éramos Seis (SBT) (telenovela), de 1994
Alô, Alô Marciano - tema de História de Amor (telenovela), de 1995
Redescobrir - tema de Razão de Viver (SBT) (telenovela), de 1996
Carinhoso - tema de Fascinação (SBT) (telenovela), de 1998
Moda de Sangue - tema de Torre de Babel (telenovela), de 1998
Só Tinha de Ser com Você - tema de Um Anjo Caiu do Céu (telenovela), de 2001
Como Nossos Pais - tema de Estrela Guia (telenovela), de 2001
O Que Foi Feito Deverá - tema de Esperança (telenovela), de 2002
Atrás da Porta - tema de O Quinto dos Infernos (minissérie), de 2002
Atrás da Porta - tema de Canavial de Paixões (SBT) (telenovela), de 2003
Qualquer Dia - tema de Olhos d'Água (Bandeirantes) (telenovela) , de 2004
As Aparências Enganam - tema de Belíssima (telenovela), de 2005
Alô, Alô Marciano - tema de abertura de Cobras e Lagartos (telenovela), de 2006
Fascinação - tema de O Profeta (telenovela), de 2006
Corsário - tema de Pé na Jaca (telenovela), de 2006
É Com Esse Que Eu Vou - tema de Paraíso Tropical (telenovela), de 2007
Boa Noite, Amor - tema de Eterna Magia (telenovela), de 2007
O Bêbado e o Equilibrista / O Que Foi Feito Deverá / Aos Nossos Filhos / Alô, Alô, Marciano / As Aparências Enganam / Redescobrir / Sabiá / Tatuagem / Mundo Novo, Vida Nova / Conversando no Bar / Gracias a La Vida - temas de diversos personagens de Queridos Amigos (minissérie), em 2008.
Redescobrir - tema de abertura de Ciranda de Pedra (telenovela), em 2008.
Dois Para Lá, Dois Para Cá - tema de Caminho das Índias (telenovela), em 2009.
Tiro ao Álvaro - tema de Uma Rosa com Amor (SBT) (telenovela), de 2009
20 Anos Blue - tema de Insensato Coração (telenovela), de 2011
Preciso Aprender a Ser Só - tema de Amor e Revolução (SBT) telenovela, de 2011
Aprendendo a Jogar - tema de Vidas em Jogo (Record) (telenovela), de 2011

Existe um site que eu acompanho já há bastante tempo que é mais que um site de um fá, pois é uma verdadeira obra biográfica, e vale a pena ser visitado tanto por aqueles que conheceram a tão famosa “Pimentinha”, quanto por aqueles que só ouviram falar, o site é: http://elisreginapimentinha.zip.net/. Clique e confira.

Links de sustentação:

Sobre Elis:


Entrevista com Regina Echeverria:

O Fino da Bossa:

Sobre Etta James:


Sobre a Cadillac Records:


Abraços, sempre!!!...
Mu®illo diM@ttos

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