O Dia Nacional do Samba não é uma data comemorativa oficial e foi aprovado como lei estadual do Estado da Guanabara (atual município do Rio de Janeiro), através da Lei n° 554, de 27 julho de 1964.
Na Bahia, também havia um projeto de lei, de 1963, que pretendia instituir o Dia do Samba. Já considerando a sua aprovação, o projeto declara que as comemorações da data nesse ano homenageariam Ary Barroso, compositor brasileiro, autor de "Aquarela do Brasil", entre outras canções.
É possivelmente por esse motivo que se passou a divulgar a ideia de que a data seria uma homenagem ao sambista.
Assim, embora o Dia Nacional do Samba não seja oficial, a sua comemoração é conhecida nacionalmente.
Vale lembrar que existem variações do samba com outros estilos musicais. Entre eles, o que se destaca é o o samba enredo, o samba de partido-alto, o samba carnavalesco, o samba de gafieira, o samba-choro, o samba rock, o samba-soul e o samba-reggae e etc.
Considerado como o primeiro samba, "Pelo Telefone" (apenas a música) quando registrado na Biblioteca Nacional, em 1916, por Donga (Ernesto Maria dos Santos) com o gênero de "samba", já haviam, pelo menos, dois outros sambas gravados:
"Em casa de baiana" (Alfredo Carlos Brício, 1913); e
"A viola está magoada" (Baiano, 1914).
"Pelo Telefone", entretanto, fez mais sucesso e fixou o nome "samba" como um dos gêneros centrais da música popular urbana no Rio de Janeiro e na Bahia. Na realidade, o que se cantava nas casas das tias baianas, como "Ciata", eram lembranças de festas nordestinas, intercaladas com improvisos de momento, verdadeiras colchas de retalho melódicas. Quase nada tinham em comum com o que hoje conhecemos como samba.
Letra de "Pelo Telefone)
(Autoria: Donga)
O chefe da polícia pelo telefone
manda me avisar
Que na Carioca tem uma roleta
para se jogar
O chefe da polícia pelo telefone
manda me avisar
Que na Carioca tem uma roleta
para se jogar
Ai, ai, ai,
Deixa as mágoas para trás ó rapaz
Ai, ai, ai,
Fica triste se és capaz, e verás.
Ai, ai, ai,
Deixa as mágoas para trás ó rapaz
Ai, ai, ai,
Fica triste se és capaz, e verás.
Tomara que tu apanhes
Pra nunca mais fazer isso
Roubar amores dos outros
E depois fazer feitiço.
Ai, a rolinha / Sinhô, Sinhô
Se embaraçou / Sinhô, Sinhô
Caiu no laço / Sinhô, Sinhô
Do nosso amor / Sinhô, Sinhô
Porque esse samba, /Sinhô, Sinhô
É de arrepiar, /Sinhô, Sinhô
Põe a perna bamba / Sinhô, Sinhô
Mas faz gozar / Sinhô, Sinhô
O "Peru" me disse
Se o "Morcego" visse
Não fazer tolice,
Que eu…
Esse mote, que deu origem à letra cantada por Bahiano e fixada em cera na Casa Edison, em 1916, dizia respeito à polêmica proibição dos jogos de azar pelo chefe de polícia Belizário Távora, ocorrida três anos antes, e à cobertura jornalística dada ao caso pelo jornal A Noite, cuja redação estava localizada no Largo da Carioca.
Dois repórteres instalaram uma roleta na calçada em frente à porta do jornal e documentaram a jogatina, com intuito de desmoralizar a nova lei. Não só os jogos de azar eram perseguidos pela polícia. Manifestações populares, sobretudo as dos ex-escravos e seus descendentes, sofriam o mesmo tipo de repressão, conforme o documento datado de 25 de setembro de 1918, assinado pelo então chefe de polícia, Aurelino Leal:
"Providências para a Festa da Penha. Uma força da Brigada Policial composta por 10 praças de infantaria e 06 de cavalaria seguindo uma outra de 30 praças de infantaria e 20 de cavalaria. Recomendo-vos, outrossim, que absolutamente não permitais o divertimento denominado "Samba", visto que tal diversão tem sido a causa de discórdias e conflitos."
(Arquivo Nacional, Ijj6-678).
E Gilberto Gil, como sempre, foi genial ao compor "Pela Internet". Nessa música, Gil faz uma atualização no tempo, pois agrega nova tecnologia ao mesmo tempo que, de forma incidental, resgata todos as caracteres não só dá poesia contida na letra, quando na musicalidade em si, nos mostrando também, a genialidade de Donga.
Letra de "Pela Internet"
(Autor: Gilberto Gil)
Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
um barco que veleje
Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
um barco que veleje
Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete
de um micro em Taipé
Um barco que veleje
nesse infomar
Que aproveite a vazante
da infomaré
Que leve meu e-mail
até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque,
para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes
de Connecticut
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes
de Connecticut
Letra de "Pelo Telefone"
(Autoria: Donga)
Esse universo, entretanto, ainda é fortemente marcado pela presença masculina, porém, existem diversas mulheres sambistas que contribuíram e contribuem muito na história e difusão dessa arte.
Apesar de toda seleção de uma determinada coisa sempre parecer injusta, pois que sempre alguma coisa fica de fora, segue aqui um lista de mulheres sambistas importantes, que você pode conferir abaixo:
1. Clementina de Jesus (1901-1987)
Clementina de Jesus, chamada de "Quelé", foi uma personalidade essencial no samba.
Sua mãe era lavadeira e filha de escravos, seu pai foi pedreiro, capoeirista e violeiro. Por conta de suas origens, Clementina mesclou influências africanas do jongo, lundu e candomblé, além de herdar a ginga e a esperteza que fez dela uma boa sambista.
Viveu no Brasil, no período pós-abolição, e trabalhou a vida toda como empregada doméstica, sendo reconhecida na música somente aos 63 anos, em 1964.
Dona de uma voz forte e pesada, transmitia toda a ancestralidade africana e construiu uma "ponte" entre o Brasil e a "Mãe África". Produziu 11 álbuns entre 1965 e 1982.
2. Dona Ivone Lara (1922-2018)
Dona Ivone Lara foi uma importante compositora e cantora de samba, mas a sua relevância é ainda maior, pois foi a primeira mulher a ser aceita nesse meio e a assinar a autoria de suas canções.
Começou a compor desde muito nova e, no final dos anos 40, suas músicas foram apresentadas a outros sambistas como se fossem do seu primo, Mestre Fuleiro.
Isso porque, na época, havia enorme preconceito e as mulheres não eram reconhecidas e respeitadas nesse ambiente, a não ser quando dançavam e "embelezavam" as rodas de samba.
Em 1965, Dona Ivone passa a integrar a ala de compositores da escola de samba Império Serrano e torna-se reconhecida, tendo diversas músicas gravadas por grandes nomes da música popular brasileira.
3. Dona Inah (1935-).
Começou a cantar profissionalmente na década de 1950, quando mudou-se para Santo André-SP e venceu o prestigiado concurso "Peneira Rodini", que lhe abriu as portas para bailes, clubes, orquestras (como as regidas pelos maestros Cyro Pereira, André Beer e Tobias Troise) e rádios (Rádio Cultura, Rádio ABC, e, em especial, a Rádio Record, onde participava do programa "Só para Mulheres"). Além de cantar em bailes de gafieira de vários clubes e salões de São Paulo, chegou a gravar seu primeiro disco em 1958, pelo selo Trovador, mas todo material foi perdido. Devido as dificuldades financeiras, foi se afastando da carreira artista e ao longo das décadas seguintes dedicou-se a trabalhos como faxineira, lavadeira, cozinheira, babá, para manter seu sustento e o de sua família. Embora tenha sido cantora da casa de espetáculos, Rádio Clube, em Santo André-SP, entre 1972 a 1980, foram raras as oportunidades nos palcos.
Sua carreira musical renasceu apenas em 2002, quando foi convidada para participar do musical "Rainha Quelé", em homenagem a Clementina de Jesus, ao lado de Marília Medalha e Fabiana Cozza. A partir de então, voltou a receber convites e a cantar com frequência e, em 2004, ela gravou o álbum de estúdio "Divino Samba Meu", que ajudou a deslanchar novamente sua carreira. Em 2008, foi lançado "Olha quem chega", seu segundo álbum de estúdio nessa retomada, com músicas apenas de Eduardo Gudin. Em 2013, foi lançado o álbum de estúdio "Fonte de Emoção".
4. Clara Nunes (1942-1983).
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, mais conhecida como Clara Nunes (Paraopeba - MG, 12 de agosto de 1942 - Rio de Janeiro, 2 de abril de 1983), foi uma cantora e compositora, considerada uma das maiores e melhores intérpretes do país. Foi considerada pela revista Rolling Stone como a nona maior voz brasileira e, pela mesma revista, quinquagésima primeira maior artista brasileira de todos os tempos.
Pesquisadora da música popular brasileira, de seus ritmos e de seu folclore, Clara também viajou para muitos países representando a cultura do Brasil. Conhecedora das músicas, danças e das tradições africanas, ela se converteu a umbanda e levou a cultura afro-brasileira para suas canções e vestimentas. Clara Nunes foi uma das cantoras que mais gravou canções dos compositores da Portela, sua escola de samba do coração. Também foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual mulheres não vendiam discos. A cantora vendeu ao todo quatro milhões e quatrocentos mil discos durante toda a sua carreira.
5. Leci Brandão (1944-)
Leci Brandão fez seu nome no samba ao cantar em prol do povo trabalhador, mulheres e negros.
Carioca, fez parte da história da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, compondo samba enredo para ela nos anos 70.
Um de seus maiores sucessos é a música "Zé do Caroço", que a Polygram tentou censurar em 1981. Por conta do fato, Leci encerrou contrato com a gravadora.
A sambista tem mais de 20 discos gravados e atua também na política, tendo sido eleita deputada estadual por São Paulo, pela primeira vez, em 2010.
6. Jovelina Perola Negra (1944-1998)
Nascida em Botafogo (zona sul do Rio de Janeiro), Jovelina logo fincou pé na Baixada Fluminense. Apareceu para o grande público do Raça Brasileira". Pastora do Império Serrano, ajudou a consolidar o pagode.
Verdadeira tiete do partideiro Bezerra da Silva, Jovelina começou a dizer seus pagodinhos no Vegas Sport Clube, em Coelho Neto, levada pelo amigo Dejalmir, que também lançou o nome Jovelina Pérola Negra, homenagem à sua cor reluzente.
Gravou cinco discos individuais conquistando um Disco de Platina. Atualmente são encontradas apenas as coletâneas com os grandes sucessos como "Feirinha da Pavuna", "Bagaço da Laranja" (gravada com Zeca Pagodinho), "Luz do Repente", "No Mesmo Manto" e "Garota Zona Sul", entre outros. O sucesso chegou tardiamente e ela não realizou o sonho de "ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve".
7. Beth Carvalho (1946-2019).
A trajetória musical de Beth Carvalho começou na Bossa Nova, mas no final da década de 60 já estava envolvida com o universo do samba.
Tanto que, em 1968, cantou "Andança", de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, no Festival Internacional da Canção. A música imortalizou-se em sua voz e lhe rendeu o prêmio de 3º lugar. Beth passou a frequentar a tradicional roda de samba Cacique de Ramos.
Lá encantou-se ainda mais pelo gênero musical e passou a identificar e revelar talentos, como Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e outros. Por conta disso, ficou conhecida como "madrinha do samba".
8. Graça Braga (1954-).
Cantora. Compositora. Criada em meio a uma atmosfera musical, na qual os tios formavam um regional, a mãe cantava e tocava violão e a tia, Marinês, foi por 30 anos porta-bandeira do G.R.C.E.S. Nenê de Vila Matilde, agremiação em que também desfilou por cerca de 20 anos.
Integrou a Comunidade Samba da Vela, voltada para o culto da cultura popular, os autênticos sambas de terreiro, e novos compositores, onde apresentou composições próprias. Também integrou o reduto Berço de Samba de São Mateus, participando da gravação do CD homônimo, a convite do World Music Institute (WMI). O disco, lançado em 2008 pelo selo Sesc SP, foi apresentado em shows realizados pelo Brasil e em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em casas como DROM, Norton Symphony Space, S.O.B.'s. Administrou o bar “Você vai se quizer”, em São Paulo, onde se apresentava semanalmente, realizando um trabalho de preservação da música popular brasileira, em especial o samba. Por conta desse trabalho recebeu, do presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, o certificado de reconhecimento à valorização e difusão do samba, nos termos da Lei que instituiu o dia 02 de dezembro “Dia Nacional do Samba”. Já dividiu o palco com artistas como Wilson Moreira, Luiz Carlos da Vila, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Célia, Zélia Duncan, Roberto Silva, Diogo Nogueira, entre outros.
9. Teresa Cristina (1968-)
Teresa Cristina é uma das vozes femininas do samba nos dias de hoje. Sua música tem influência do trabalho do músicos Candeia, Paulinho da Viola, Cartola, Nelson Cavaquinho, Chico Buarque, dentre outros.
Teresa tem um papel importante na cena musical do Rio de Janeiro, especialmente na Lapa.
Com uma voz suave, em 2007 lançou seu primeiro álbum com músicas próprias, intitulado "Delicada". Anos mais tarde, em 2015, apresentou-se na turnê "Teresa canta Cartola", na qual homenageou o grande sambista da Mangueira, Cartola.
10. Fabiana Cozza (1976-).
Cantora e atriz, filha do cantor Osvaldo dos Santos, iniciou a carreira no ano de 1996 integrando um grupo vocal liderado pela cantora Jane Duboc. No ano de 1998, a convite de Eduardo Gudin, participou do grupo Notícias dum Brasil, com o qual participou do CD "Notícias dum Brasil - Pra tirar o chapéu", de Eduardo Gudin. Como atriz e cantora participou de vários musicais, entre os quais "Rainha Quelé", em homenagem à Clementina de Jesus; "O Canto da Guerreira", em homenagem à obra de clara Nunes e ainda de "Aquarelas de Ary Barroso". No ano de 2004 lançou o CD "O samba é meu dom", tendo como faixa-título a parceria de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro. No disco também interpretou "Meu drama (Silas de Oliveira), "A morte de Chico Preto" (Geraldo Filme), "Feito do nada" (Sérgio Santos) e "Verniz" (Paulo César Pinheiro), além do samba enredo de 1979 da Escola de Samba Camisa Verde e Branco, "Acima de tudo mulher"; e ainda composições de novos autores como Mário Alexandre Mammana, Marcos Paiva, Rodrigo de Campos, Leandro Medina e Damasceno.
Em 2018 renunciou ao papel em que representaria Dona Ivone Lara no musical “Dona Ivone Lara – Um sorriso negro – O musical”, em homenagem à Dama do Samba, devido a protestos acerca da cor de sua pele, mais clara que a de Ivone Lara. Os argumentos se deram acerca das poucas oportunidades que as atrizes de pele mais escura têm de protagonizar um espetáculo.
Parte do texto foi extraído:
Das páginas do Facebook que tratam de cada artista mencionada.
Do canal do Youtube de Geisa Fernandes.
Do site Pôr do Som.
Do site Calendarr Brasil.
A poesia quando boa, tem música nas palavras, e ai, é só dançar, com métrica ou não!
Abraços, sempre!!!...
Mu®illo diM@tto♪
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