Hoje é o dia mundial do rock, e eu tenho que dizer uma coisa no mínimo curiosa: eu como fã ardente desse gênero tenho muito receio, e piso em ovos ao falar sobre ele, pois que é tudo muito confuso, apesar de vários livros, revistas, filmes e documentários sobre a sua origem e variações. E como bem canta Rita Lee:
“Quem é ele, esse tal de rock and roll?”.
Já que ao longo de seis décadas, e já partindo para a sétima, esse gênero se transmuta a cada dia. Sua origem irrompe lá pela década de cinquenta, quando o mundo estava a mil com o fim da Segunda Guerra Mundial, e o jazz, a música do momento, curtida tanto nos Estados Unidos quanto na Europa (até os alemães em plena guerra nazista o apreciavam, as escondidas do III Reich, é claro), parecia não dar a "satisfação" para uma comemoração adequada, pois que a juventude da época "submissa" a um regime patriarcal, segregacionista e moralista demais, e que agora viviam sob o pavor da guerra fria entre EUA e a, até então, União Soviética (hoje Rússia), não pensou duas vezes em abraçar esse ritmo dançante e considerado por demais libertino.
Chuck Berry que é conhecido como o pai do rock (apesar das controvérsias), e mais alguns como: Little Richards, Jerry Lee Lewis, Bill Haley and Comets e Elvis Presley, entre alguns mais, trouxeram uma legião de fãs para essa novidade sonora que tanto contrariou pais e avôs. Mas como de fato começou tudo isso?! O estilo primário do rock começou com a fusão do jump blues com o R&B, dizem alguns estudiosos. Outros simplificam a explicação dizendo que aceleraram a batida do blues, mas alguns literatos bem entendidos no assunto garantem que a coisa não é assim tão simples, já que uma seqüência de fatos contribuiu para que o rock despontasse.
Um professor meu de música, o grande professor Guerra, disse que tudo veio do spirituals, o canto de trabalho dos escravos, lá dos EUA, até alguém o transformá-lo em blues lá pelo século XIX, até alguém o adicioná-lo ao gospel (a verdadeira música tradicional das igrejas protestantes americanas), e ai sim pegando carona no country, (e quem sabe talvez até no zydeco e no cajun?), até dar nessa miscelânea que acabou sendo batizada pelo radialista Alan Freed, O Moondog, como Rock and Roll, no show de rádio “Moon Dog Show”. O termo é na verdade uma expressão idiomática dos negros americanos que alusiva o ato sexual. Acho que isso por si só já seria um bom motivo para os jovens dos anos cinqüenta abraçarem o rock como música predileta.
E há algo no rock que rompe barreiras, pois nesta época os Estados Unidos eram um país segregacionista por demais, tudo era separado para o branco, e os negros assim ficavam com as sobras. Havia bancos (os traseiros) para os negros no transporte público. Bebedouros, calçadas, mesas e cadeiras em lanchonetes, tudo separado. Mas quando o rock apareceu (e isso é contado (e cantado e dançado) em Hairspray, peça teatral que virou filme), os jovens jogaram a toalha pro alto. É claro que toda regra tem sua exceção, pois que ainda existem os que insistem com essa palhaçada de preconceito racial até hoje.
Deixando essa idiotice de lado e voltando ao assunto mais agradável, o rock é isto e muito mais do que se possa dizer. Muitas das vezes com letras de contestação, ou simplesmente com letras amorosas ou satíricas, o rock é uma forma de expressão musical que anda lado a lado com as novidades, é um verdadeiro arauto musical do underground pode-se assim dizer, e é justamente por isso que o dia 13 de julho é considerado o dia mundial do rock, pois nesse dia em 1985 aconteceu o show Live-Aid, idealizado pelo guitarrista Midge Ure e pelo vocalista Bob Geldof, este da banda Boomtown Rats. Esse show mostrou que o rock pode ser filantropo e bem antenado com as injustiças sociais, já que a sua verba foi toda destinada à Etiópia, país que a época sofria (sofria?) forte crise financeira e sua população estava muito abaixo da linha da pobreza e morria de fome. O show arrecadou 70 milhões de dólares tanto com a venda dos ingressos como com a venda dos direitos de transmissão.
Artistas como Paul McCartney, Jimmy Page, Phil Collins, Eric Clapton, Mick Jagger, Ozzy Osbourne, David Bowie, Sting, Elton John, Robert Plant, U2, Simple Minds e The Who, entre outros tantos, participaram e deram o seu recado ao mundo: que com união e bom senso todos podem chegar ao lugar comum.
Bem..., como disse antes, falar de rock é bom, escrever sobre ele é ótimo, mesmo que isso dê margem a discórdia, pois assim como as suas tantas variações de ritmo, o rock também possui em suas origens suas variações históricas, como foi dito acima. O bom mesmo é que o rock, quase que setentão, é o estilo musical que mais influenciou pessoas pelo mundo, como eu, e ainda hoje influencia jovens do mundo inteiro. Nos anos de chumbo daqui, o rock teve como representante em nosso país, a Jovem Guarda, que mesmo não sendo tão politizada, curiosamente copiou esse nome de Lênin, um líder soviético, comunista. O rock adentrou pela America Latina e pelo oriente, e assim realizou verdadeiras simbioses musicais... Raul Seixas (este sem dúvidas, o maior ícone do rock nacional), Mutantes, Sergio Sampaio, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Alceu Valença, Zé Ramalho e Jorge Benjor e o seu samba-rock, são exemplos dessas simbioses musicais. E o barato todo, é que o rock, ainda até hoje, continua se espalhando por aí, criando revoluções musicais. O movimento manguetown é um bom exemplo disso... muitos artistas de nossa MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Orlando Moraes, Zeca Baleiro, Paulinho Moska, Oswaldo Montenegro, Beto Guedes e outros tantos, que declaradamente se banham nas águas do Rock And Roll, este gênero que agora eu o parabenizo pelo seu dia:
Parabéns e vida longa ao velho e sempre jovem rock and roll revolucionário, descontraído e altruísta!
Abraços, sempre!
Mu®illo diM@ttos
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