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quarta-feira, 28 de março de 2012

Millôr Fernandes, um gênio multifacetário.


Foto: Marcos de Paula/AE 12/09/2007
Millôr Fernandes - Foto: Marcos de Paula/AE 12/09/2007
É..., lá vai outra postagem póstuma, e dessa vez vai para Millôr Fernandes, que para mim era um dos escritores mais completos que já deu as caras nesse nosso mundinho tão repleto de coisas idiotas, e digo isso pelo fato de que o quê anda vigorando em nossa cultura, na mídia pelo menos, é o que há de mais torpe, e quando digo isso englobo tanto a literatura quanto a música. Haja vista que 70% de nossa juventude não sabe nada de Dom Casmurro e Capitu, e por sua vez entende desde a arcada dentária de vampiros que brilham a luz do sol quanto a marca da tinta do cabelo das Hermiones de plantão. Assim como nunca ouviram e nem se interessam de ouvir compositores que ainda estão por aí, mas que os programadores das grades desinteressantes das nossas redes de TVs não curtem mais, mas que em compensação curtem aqueles que nada acrescentam aos nossos ínfimos gostos musicais, enquanto estes artistas que presente estão nas telinhas sempre que ligamos nossos televisores nos bombardeiam com seus “risos perolados de que fiz do jeito que fiz e vocês gostam mesmo assim”..., ora direis: ai nossa, assim você me mata! Mas antes que isso vire uma critica, é bom que eu lembre que essa postagem é uma tentativa de uma ode aquele que como já disse, era, e pra sempre será, uns dos ícones fortes de nosso meio artístico. Millôr era o cara no que se tratava de desenhos, todos tortos com uma coloração nanquim borrada e repletos de caretas bizarras, mas que diziam prazerosamente o quanto a nossa política e bem estar social iam de mal a pior. Suas traduções eram singulares. Seu jornalismo marcadamente ligado ao humor. Roteiros de cinema que ainda não há igual. Além de ter sido um ótimo dramaturgo..., é..., quase chego a pensar que o quê é bom está indo embora de forma muito rápida, instantânea, mesmo quando um grande artista como Millôr morra aos 88 anos de idade. Esse carioca da gema, nascido em (há controvérsias) 27 de maio de 1924, num bairro da zona norte do Rio de Janeiro, chamado Meyer. De vida difícil devido à morte de seus pais, sempre se mostrou uma pessoa que sabia pular obstáculos, e assim o fez. Tornou-se jornalista com apenas 14 anos de idade, e até a sua morte não parou. Escreveu sobre quase tudo e todos. Um dos fundadores da Revista Pif-Paf, que por muitos é considerado o primeiro no que se entende por jornalismo alternativo, também contribuiu por anos com o jornal de esquerda, O Pasquim. Considerado por muitos como gênio, deixa não só a impressa órfã como quase todas as outras mídias existentes de comunicação. Como sempre digo; pena estar escrevendo sobre ele somente após a sua morte. Vida longa a sua memória. Vida longa a todas as suas obras.

Segue aqui alguns poeminhas do mestre Millôr:

Poesia com lamentação com local de nascimento

Tudo que eu digo, acreditem,
Teria mais solidez,
Se em vez de carioquinha,
Eu fosse um velho chinês.

Luta de Classe

Estava o rei lavando os pratos
Depois de enxugar os garfos.
A rainha dava trato aos móveis
Vasculhava a sala, a copa e o salão
Deixando aos principezinhos a tarefa
De encerar o chão
Enquanto a criada na varanda
Deitada numa rede de fina contextura
Lia um livro de aventura
Quando entrou um rei vizinho
De um reinado bem maior
E bem baixinho, bem baixinho
Ofereceu à criada
Um emprego melhor.

Maturidade

O desenvolvimento
cerebral
Nunca se compara
ao abdominal.

Branca de Neve vinte anos depois

Uma coisa é patente;
Não fazem mais espelhos
Como antigamente.

Haverá alguém no mundo capaz de controlar perfeitamente as torneiras do chuveiro a fim de que este dê água na morna temperatura que sonhamos?

Eu não.
Ou me pelo
Ou me gelo.

Canção da única (e essencial) superioridade do urubu sobre o galo

O galo canta de euforia
O urubu apenas chem-chemia
O urubu é negro
É da magia
O galo é aberto
É da porfia

O galo come milho
O urubu, esterco.
O urubu é preto
O galo é colorido
Álacre, alegre, zombeteiro
Extrovertido e sensual
Sultão de mil galinhas
Decorativo, vaidoso,
Pensa que o sol desponta
Para ouvi-lo

Mas na hora da fome
O urubu, irmão,
Ninguém come.

Poesia Polar

Limpando o suor da fronte
O esquimó olha o horizonte
“Vão dizer que exagero
Mas a temperatura hoje
Deve estar a mais de zero”

Links de sustentação:


http://www2.uol.com.br/millor/










Abraços, sempre!!!...
Mu®illo diM@tto

4 comentários:

  1. Não sei se lembra disso, mas foi você quem me apresentou ao Millôr, lá na escola de música quando fomos ao Habbib's. Uma perda lastimável, meu professor!

    Bj!

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    Respostas
    1. É..., não lembrava, mas foi bom saber. Saiba também que gênios como Millôr unca morrem. Beijos, sempre!!!...

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  2. Eu tava junto nesse dia, rimos muito com uma crônica dele. Grande perda.

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  3. É..., dia legal. E rimos mesmo. Millôr era (é, e por muito ainda será) hilário. Será que ainda teremos dias assim? Como disse antes, saudades da escola de música e do Wermynosyz, pena que acabou antes de começar. Abraços, sempre!!!...

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